Seis acusados de matar jovem em 'tribunal do crime' vão a júri popular em Limeira
O júri popular de seis acusados de envolvimento com a morte de Maiara Fernanda da Silva Valério, de 24 anos, em setembro de 2022, em Limeira (SP), terá dois dias de duração, vias bloqueadas no entorno do Fórum e reforço policial.
Segundo a acusação, ela foi assassinada durante um "tribunal do crime" de uma facção.
Inicialmente, a Justiça decidiu enviar a júri sete acusados, mas um deles teve recurso acolhido e não foi a julgamento. O júri está marcado para esta quarta (30) e quinta-feira (31).
O juiz Fábio Augusto Paci Rocha, da 1ª Vara Criminal, determinou que o julgamento ocorra em dois dias consecutivos, para facilitar o transporte e segurança dos réus presos, além de evitar a exaustão das partes envolvidas. "Determino ainda a restrição do trânsito de veículos ao redor do Fórum Criminal, sito à Rua Boa Morte nº 661- Centro, nos dias designados, visando aumentar a segurança dos participantes, evitando possíveis incidentes e garantindo um ambiente mais controlado", acrescentou o magistrado.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Piracicaba no WhatsApp Também foi solicitada a presença de policiais militares para escolta dentro do plenário, na área interna e externa das dependências do Fórum, para prevenir qualquer tipo de conflito ou ameaça, devido ao "considerável número de réus presos".
"Por fim, deverá também ser solicitada viatura para acompanhar os jurados e oficiais de Justiça até o Hotel no término do primeiro dia do julgamento, no qual permanecerão dois Policiais militares, para segurança durante à noite, bem como os acompanharão no retorno ao Fórum para o segundo dia do julgamento", completou. O magistrado ainda relatou que teve informações de que testemunhas de acusação manifestaram desejo de não comparecer ao júri sem apresentar justificativa plausível para isso.
"Diante disso, e considerando a relevância dos depoimentos para o esclarecimento dos fatos, determino a condução coercitiva das testemunhas mencionadas", decidiu. A condução coercitiva é um instrumento legal utilizado para obrigar alguém a comparecer em juízo, ainda que não queira. Prisão de um dos suspeitos em operação das polícias Civil e Militar e Guarda de Limeira Divulgação/ Polícia Civil Entenda o caso Os suspeitos foram presos entre 2022 e 2023.
Segundo as investigações, um dos acusados era chefe de uma organização criminosa e responsável pelo "julgamento" clandestino de pessoas envolvidas em conflitos que aconteciam no bairro Ernesto Kühl, em Limeira.
Exercendo essa função, ele teria participado de um "tribunal do crime", em janeiro de 2022, após membros da organização criminosa sequestrarem três mulheres, entre elas Maiara.
A justificativa seria de que Maiara mantinha relacionamento com um policial e repassava informações da organização criminosa à polícia.
Outra vítima do sequestro era amiga de Maiara e diz que foi levada a cárcere devido à amizade entre as duas.
Ela relatou em depoimento que ficou cerca de três dias sequestrada, em Mogi Guaçu (SP), Limeira e Capivari (SP), onde era interrogada constantemente.
Mas que, naquela ocasião, Maiara foi poupada por estar grávida.
Fórum de Limeira Graziela Fávaro/EPTV Novo sequestro e localização de carta As três foram liberadas, no entanto, a amiga de Maiara relatou que ela sofreu um aborto e, em setembro de 2022, soube que ela foi novamente sequestrada e, dessa vez, morta.
O corpo dela foi localizado em um canavial na zona rural, na rodovia SP-306 (Lim-273), em 25 de setembro. Durante uma ação da Polícia Militar no combate ao tráfico de drogas, foi encontrada uma carta, supostamente escrita por integrantes da organização criminosa, indicando quem estaria envolvido no sequestro, execução e ocultação do corpo de Maiara.
O documento também confirmava que Maiara foi "poupada" no julgamento de janeiro por estar grávida, mas ficou "decretada" e a execução dela ocorreria quando a criança nascesse.
A carta ainda relata a necessidade de que membros da facção pressionassem as outras duas vítimas de sequestro para que alterassem seus depoimentos iniciais.
"Ressalto aqui não haver aprofundamento pleno na dinâmica das provas, no entanto, existem diversos episódios ocorridos tanto antes quanto depois dos fatos propriamente ditos, e que são aptos e trazer, de forma suficiente, a conclusão acerca da existência de indícios da realização de crime contra a vida, tendo como agentes os acusados", afirmou o juiz Rafael da Cruz Gouveia Linardi, da 3ª Vara Criminal de Limeira, ao decidir que o grupo deve ir a júri popular. Facas e celulares apreendidos durante a prisão de um dos acusados Divulgação/ Polícia Civil Defesa diz que há falhas nas investigações Na ação, as defesas dos acusados alegam que houve diversas falhas nas investigações e falta de provas. "Se os réus [...] não foram os autores dos disparos, tampouco planejaram, decidiram ou prestaram qualquer apoio ou auxílio em tal empreitada [...], referidas questões deverão ser apreciadas por ocasião do Julgamento em Plenário pelos Srs.
Jurados", afirmou o magistrado. Os réus respondem por supostamente integrarem organização criminosa e ocultação de cadáver.
Cinco deles também respondem por sequestro.
Foi negado o direito de recorrerem em liberdade.
"Os requisitos que justificaram a sua prisão encontram-se em vigor, especialmente o risco à ordem pública, tendo em vista relevante repercussão do crime e o medo impregnado na comunidade localizada Limeira (especialmente no bairro ErnestoKuhl)", explicou o juiz. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região Veja mais notícias no g1 Piracicaba