Presidente afirmou também que Organização do Tratado do Atlântico Norte, ao aumentar gastos com defesa, alimenta a guerra armamentista.
Lula discursou nesta manhã na 17ª Cúpula dos Brics.
Lula discursa na abertura do Brics O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou neste domingo (6) na 17ª Cúpula do Brics — que ocorre no Rio de Janeiro e vai até esta segunda (7).
Segundo Lula, o encontro ocorre em um momento de "cenário global mais adverso", com "número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial". Além disso, o chefe do Executivo criticou guerras, em oposição às expectativas iniciais de deixar o assunto para um segundo plano (entenda mais abaixo).
Também afirmou que decisão recente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — em aumentar gastos com defesa — alimenta a corrida armamentista. "É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para Assistência Oficial ao Desenvolvimento", disse.
"Isso evidencia que os recursos para implementar a Agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política.
É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz", prosseguiu o presidente.
Segundo ele, falta "prioridade política". Lula discursa na abertura da 17ª Cúpula do Brics. Ricardo Stuckert/ Presidência da República 'Colapso do multilateralismo' Na ocasião, ao citar a Organização das Nações Unidas (ONU), Lula afirmou que o mundo presenciou o "colapso do multilateralismo".
E que as reuniões do Conselho de Segurança da ONU reproduzem um enredo que todos conhecem: de "perda de credibilidade e paralisia". "A ONU completou 80 anos no último dia 26 de junho e presenciamos colapso sem paralelo do multilateralismo", pontuou.
Lula também voltou a usar a palavra "genocídio" para se referir ao conflito na Faixa de Gaza.
E destacou que o governo brasileiro denunciou o que chamou de "violações à integridade territorial do Irã", assim já havia feito no caso da Ucrânia.
"Não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza.
A solução só será possível com o fim da ocupação israelense e o estabelecimento um Estado palestino soberano", justificou. "Cada dia que passamos com uma estrutura internacional arcaica e excludente, é um dia perdido para solucionar as graves crises que assolam a humanidade", arrematou (veja discurso completo abaixo). Segundo o presidente brasileiro, a representatividade e a diversidade do Brics torna o bloco capaz de promover a paz, prevenir e mediar conflitos.
Nesse contexto, Lula reforçou a ideia de reforma do Conselho de Segurança da ONU.
Lula critica a guerra e fala em genocídio na Faixa de Gaza Multilateralismo entre as nações No Fórum Empresarial do Brics neste sábado (5), evento que antecedeu o encontro de líderes, Lula defendeu o multilateralismo entre nações para superar desafios econômicos. No discurso aos empresários e representantes dos países do Brics, Lula também falou sobre a necessidade de criação de uma "governança multilateral" para regras sobre inteligência artificial, além de "diretrizes claras" sobre o assunto. No mesmo dia, o presidente participou de reuniões bilaterais com lideranças de países membros e parceiros do Brics — ocasião em que trocou presentes e definiu compromissos.
🔎O Brics é um fórum de articulação político-diplomática e de cooperação em diversas áreas.
Na presidência rotativa, cada país propõe eixos de discussão (veja abaixo os países que fazem parte).
Anualmente, os chefes de Estado se encontram para debater os eixos sugeridos e assinar a declaração conjunta. O Brasil assumiu a presidência do bloco em 1º de janeiro de 2025 e escolheu o Rio de Janeiro — mais precisamente o Museu de Arte Moderna, o MAM — para sediar a cúpula. Mas Vladimir Putin e Xi Jinping não vieram — o russo participará remotamente, e o chinês mandou o premiê. O grupo vive hoje um de seus momentos mais delicados, com guerras em curso, disputas comerciais e novos integrantes com agendas fortes.
Segundo especialistas ouvidos pelo g1, um dos desafios do Brasil é evitar uma guinada antiocidental no grupo. Para manter sua posição de neutralidade nos conflitos globais, ainda segundo esses especialistas, o Brasil deve contrapor posição dos países mais fortes do Brics, como China e Rússia. Sob a presidência brasileira, os temas prioritários definidos são: Saúde Meio Ambiente Inteligência Artificial (IA) Veja detalhes mais abaixo. Lula cita denúncia as violações à integridade territorial de Irã e Ucrância Discurso de Lula na Cúpula do Brics "Pela quarta vez o Brasil sedia uma Cúpula do BRICS.
De todas, esta é a que ocorre em cenário global mais adverso. A ONU completou 80 anos no último dia 26 de junho e presenciamos colapso sem paralelo do multilateralismo. O advento da ONU marcou a derrota do nazi-fascismo e o nascimento de uma esperança coletiva.
A grande maioria dos países que hoje integram o BRICS foram seus membros fundadores. Dez anos depois, a Conferência de Bandung refutou a divisão do mundo em zonas de influência e avançou na luta por uma ordem internacional multipolar. O Brics é herdeiro do Movimento Não-Alinhado.
Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque. Avanços arduamente conquistados, como os regimes de clima e comércio, estão ameaçados. Na esteira da pior crise sanitária em décadas, o sistema de saúde global é alvo de investida sem precedentes. Exigências absurdas sobre propriedade intelectual ainda restringem o acesso a medicamentos.
O direito internacional se tornou letra morta, juntamente com a solução pacífica de controvérsias. Nos defrontamos com número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial.
A recente decisão da OTAN alimenta a corrida armamentista. É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para Assistência Oficial ao Desenvolvimento. Isso evidencia que os recursos para implementar a Agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política. É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz. As reuniões do Conselho de Segurança da ONU reproduzem um enredo cujo desfecho todos conhecemos: perda de credibilidade e paralisia. Ultimamente sequer é consultado antes do início de ações bélicas.
Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Assim como ocorreu no passado com a Organização para a Proibição de Armas Químicas, a instrumentalização dos trabalhos da Agência Internacional de Energia Atômica coloca em jogo a reputação de um órgão fundamental para a paz. O temor de uma catástrofe nuclear voltou ao cotidiano.
As violações recorrentes da integridade territorial dos Estados, em detrimento de soluções negociadas, solapam os esforços de não-proliferação de armas atômicas. Sem amparo no direito internacional, o fracasso das ações no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na Síria tende a se repetir de forma ainda mais grave. Suas consequências para a estabilidade do Oriente Médio e Norte da África, em especial no Sahel, foram desastrosas e até hoje são sentidas. No vazio dessas crises não-solucionadas, o terrorismo encontrou terreno fértil.
A ideologia do ódio não pode ser associada a nenhuma religião ou nacionalidade.
O Brasil repudiou os atentados na Caxemira. Absolutamente nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas. Mas não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza e a matança indiscriminada de civis inocentes e o uso da fome como arma de guerra. A solução desse conflito só será possível com o fim da ocupação israelense e com o estabelecimento de um Estado palestino soberano, dentro das fronteiras de 1967. O governo brasileiro denunciou as violações à integridade territorial do Irã, como já havia feito no caso da Ucrânia. É urgente que as partes envolvidas na guerra na Ucrânia aprofundem o diálogo direto com vistas a um cessar-fogo e uma paz duradoura. O Grupo de Amigos para a Paz, criado por China e Brasil e que conta com a participação de países do Sul Global, procura identificar possíveis caminhos para o fim das hostilidades. Gravíssimas crises em outras partes do mundo seguem ignoradas pela comunidade internacional. No Haiti tivemos a MINUSTAH, mas a comunidade internacional abandonou o país antes da hora.
O Brasil apoia a ampliação urgente do papel da Missão da ONU no país, que combine ações de segurança e desenvolvimento. Senhoras e senhores, Nas oito décadas de funcionamento das Nações Unidas, nem tudo foi fracasso.
A organização foi central no processo de descolonização. A proibição do uso de armas biológicas e químicas é exemplo do que o compromisso com o multilateralismo pode alcançar. O sucesso de missões da ONU no Timor-Leste demonstra que é possível promover a paz e a estabilidade.
A América Latina fez a opção, desde 1968, por ser uma Zona Livre de Armas Nucleares. A União Africana também consolida seu protagonismo na prevenção e resolução de conflitos que afligem aquele continente. Se a governança internacional não reflete a nova realidade multipolar do século XXI, cabe ao BRICS contribuir para sua atualização. Sua representatividade e diversidade o torna uma força capaz de promover a paz e de prevenir e mediar conflitos. Podemos lançar as bases de uma governança revigorada.
Para superar a crise de confiança que enfrentamos, é preciso transformar profundamente o Conselho de Segurança. Torná-lo mais legítimo, representativo, eficaz e democrático.
Incluir novos membros permanentes da Ásia, da África e da América Latina e do Caribe. É mais do que uma questão de justiça.
É garantir a própria sobrevivência da ONU. Esse é o espírito do “Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global” lançado pela presidência brasileira do G20.
Adiar esse processo torna o mundo mais instável e perigoso. Cada dia que passamos com uma estrutura internacional arcaica e excludente é um dia perdido para solucionar as graves crises que assolam a humanidade." Lula cita cenário global adverso na quarta reunião do Brics no Brasil Expectativa inicial Apesar da presença de países diretamente envolvidos em conflitos, como Rússia e Irã, desde o início, temas ligados à guerra na Ucrânia e aos confrontos no Oriente Médio não estavam previstos na agenda oficial. A expectativa do governo brasileiro é aprovar não só a declaração final dos chefes de Estado como três declarações conjuntas nas áreas prioritárias, resultado de discussões técnicas que vêm ocorrendo ao longo do ano.
Segundo fontes do Itamaraty, a meta é dar ênfase a conquistas concretas da presidência brasileira à frente do bloco. LEIA TAMBÉM: Cúpula do Brics no Rio começa neste domingo: saiba o que vai acontecer e como vai mexer na sua rotina Brics vão propor que países sejam pagos por geração de dados usados por IA Em evento do Brics, Marina diz ser 'inadiável' discutir medidas globais para superar combustíveis fósseis Presidente Lula chega ao MAM para a abertura da Cúpula do Brics O que é Brics? O Brics é um grupo formado por 11 países membros e outros parceiros que funciona como foro de articulação político-diplomática do Sul Global e de cooperação em várias ár...