Pedido é confidencial e só deve se tornar público após a aprovação da oferta pública de ações (IPO) na bolsa de valores.
Informação foi divulgada pelo jornal britânico Financial Times.
Logo da Shein em centro comercial em Cingapura. Edgar Su/ Reuters A varejista de fast fashion chinesa Shein, conhecida por vender roupas e outros produtos a preços baixos, entrou com um pedido confidencial de abertura de capital em Hong Kong nesta semana, informou o jornal britânico "Financial Times".
O motivo, segundo o jornal, seria tentar pressionar o regulador do Reino Unido a ceder em suas obrigações de divulgação de riscos, permitindo que a empresa também consiga abrir capital na bolsa britânica.
Caso isso seja confirmado, a expectativa é que essa seja a maior oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) do mercado londrino em anos, diz o jornal. De acordo com o "Financial Times", no entanto, as chances de a Autoridade de Conduta Financiera (FCA, na sigla em inglês) do Reino Unido aceitar um prospecto aprovado pela Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês), é muito baixa, já que as exigências mínimas entre os dois órgãos são muito diferentes.
🔎 Prospecto é um relatório geralmente feito por empresas que pretendem abrir capital na bolsa de valores.
Esse documento reúne informações da companhia — como sua área de atuação e seu lucro, por exemplo —, além de trazer projeções de quanto a empresa pretende arrecadar com a venda de ações, qual o destino dos recursos e os riscos envolvidos no investimento. Em janeiro deste ano, segundo o jornal britânico, o presidente do comitê de negócios e comércio da Câmara dos Comuns do Reino Unido, Liam Byrne, escreveu ao chefe da FCA para expressar dúvidas sobre a integridade da cadeia de suprimentos da Shein.
A decisão veio após um funcionário sênior da companhia se recusar a responder perguntas sobre se as roupas continham algodão proveniente de Xinjiang — lugar na China onde se suspeita que grande parte da colheita seja feita sob condições de trabalho forçado. A expectativa é que a bolsa de Hong Kong (HKEX, na sigla em inglês) seja mais tolerante sobre os riscos descritos pela Shein em seus prospectos e, segundo o jornal, uma listagem dupla — na bolsa de Hong Kong e na bolsa de valores britânica — pode ser considerada se o regulador do Reino Unido der o sinal verde. O "Financial Times" destaca, no entanto, que apesar de a varejista ter um balanço que mostra US$ 12 bilhões (R$ 65,5 bilhões) em caixa e não tenha pressa de abrir capital, o IPO ainda é uma preocupação, uma vez que a empresa já não conseguiu a aprovação da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) em 2023. Segundo o jornal, os bancos Goldman Sachs, Morgan Stanley e JP Morgan foram os principais a trabalhar nas ofertas de Nova York, Londres e, agora, em Hong Kong.
Os três bancos não quiseram comentar, assim como a HKEX, a FCA e a Shein. O jornal britânico ainda destaca que uma queda nos lucros no ano passado também levantou dúvidas sobre se o IPO da Shein alcançaria a avaliação de US$ 66 bilhões (R$ 360 bilhões) que atingiu em uma consulta privada há dois anos.
Em 2024, as vendas da varejista aumentaram 19%, para US$ 38 bilhões (R$ 207,3 bilhões).
O lucro líquido, por outro lado, registrou uma queda de quase 40% no mesmo período, para US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões).
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