Primeiro-ministro da Índia visita a capital federal após participar da cúpula do Brics no Rio de Janeiro.
Após a cúpula, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou taxar quem se alinhar ao grupo que tem Brasil, Índia e China, dentre outros.
Narendra Modi e Lula posam na chegada ao Brics Reprodução/gov.br O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe nesta terça-feira (8) o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.
A visita ocorre um dia após a Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, e marca os 80 anos de relações diplomáticas entre os dois países. A ida de Modi a Brasília atende a um convite do presidente Lula, que tem reiterado a importância de uma maior aproximação entre a América Latina e os países asiáticos — principalmente diante da instabilidade do cenário internacional, com guerras, tensões geopolíticas e ameaças tarifárias por parte dos Estados Unidos. Nesta terça, Lula e Modi devem assinar uma declaração conjunta sobre a Parceria Digital, com foco em infraestrutura pública digital, inteligência artificial, tecnologias emergentes e governança digital. Outros temas da conversa incluem a realização da COP30 em Belém, a reforma da governança global, segurança alimentar, cibersegurança e o combate ao terrorismo — áreas nas quais Brasil e Índia costumam ter posições alinhadas. Os dois países também devem firmar acordos de cooperação em segurança, agricultura, energia e tecnologia.
Entre os atos previstos estão: Acordo de cooperação no combate ao terrorismo internacional e ao crime organizado Acordo de cooperação em energia renovável Comércio bilateral em alta A Índia é hoje o décimo maior parceiro comercial do Brasil.
Em 2024, o comércio entre os dois países alcançou US$ 12 bilhões — com alta de 24% nos primeiros cinco meses de 2025. As exportações brasileiras somaram US$ 5,26 bilhões, com destaque para açúcar, petróleo bruto, óleos e aviões.
Já as importações da Índia chegaram a US$ 6,8 bilhões, tornando o país asiático a sexta maior origem de importações para o Brasil. Ameaça de Trump contra o Brics A conversa de Lula e Modi ocorre após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar com uma tarifa adicional de 10% “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics”. A medida foi anunciada por meio de sua conta na rede Truth Social.
“Não haverá exceções a essa política”, escreveu. Trump não detalhou o que considera “políticas antiamericanas”.
Autoridades do governo norte-americano afirmam que ainda não há um decreto em elaboração e que tudo dependerá dos próximos passos do bloco. No mesmo dia, os países do Brics divulgaram a “Declaração do Rio de Janeiro”, na qual defendem o multilateralismo e rejeitam medidas unilaterais que enfraquecem o comércio global — sem mencionar diretamente os EUA ou a nova ameaça tarifária. Em outra publicação, Trump informou que os novos acordos tarifários com os países começarão a ser enviados a partir das 12h desta segunda-feira (7), no horário de Washington.
Segundo ele, a cobrança de tarifas só entrará em vigor em 1º de agosto, com uma janela de três semanas para renegociação de acordos bilaterais. A medida ocorre às vésperas do fim da suspensão temporária dos tarifaços anunciados em abril, que variam de 10% a 50%.
A União Europeia, Japão, Índia, Coreia do Sul e outros países tentam apresentar concessões para evitar as sobretaxas. O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que “o uso de tarifas não serve a ninguém”.
A Rússia declarou que o Brics “nunca foi e nunca será dirigido contra terceiros”.
A África do Sul reiterou que o grupo defende um “multilateralismo reformado”. Termina cúpula do Brics, no Rio