Quase 200 diretores de universidades e faculdades americanas acusam a Casa Branca de uso coercitivo do financiamento público e intromissão indevida.
Harvard, Brown e Princeton endossam o documento.
Dezenas de reitores criticam ofensiva do governo contra universidades e uso coercitivo do orçamento público. Reuters Quase 200 universidades e faculdades dos EUA, incluindo algumas das instituições mais prestigiadas do país que compõem a Ivy League, assinaram uma carta conjunta nesta terça-feira (22/04) condenando a "interferência política" do presidente americano Donald Trump no ensino superior. "Nós nos manifestamos em uma só voz contra o controle governamental sem precedentes e a interferência política que agora colocam em risco o ensino superior americano", diz a carta. O texto, publicado pela Associação Americana de Faculdades e Universidades, tinha 191 assinaturas até a publicação desta reportagem – entre elas, representantes de Yale, Brown, Princeton e Harvard.
O número vem subindo desde que o manifesto foi ao ar. "Estamos abertos a reformas construtivas e não nos opomos à supervisão legítima do governo.
Entretanto, devemos nos opor à interferência indevida do governo na vida daqueles que aprendem, vivem e trabalham em nossos campi.
Sempre buscaremos práticas financeiras eficazes e justas, mas devemos rejeitar o uso coercitivo do financiamento público de pesquisa", continua o texto. Harvard se nega a cumprir exigências de Trump, e mais de US$ 2 bi em recursos congelados A carta defende que as universidades devem ser centros onde "professores, alunos e funcionários são livres para trocar ideias e opiniões sobre uma ampla gama de pontos de vista sem medo de represálias, censura ou deportação". "O preço de restringir as liberdades que definem o ensino superior americano será pago por nossos alunos e por nossa sociedade." Ataque às universidades Desde a sua posse em janeiro, o presidente republicano Donald Trump tem reprimido as principais universidades dos EUA, com base em alegações de que elas toleraram discursos antissemitas durante protestos pró-palestinos que ocorreram no ano passado. O presidente ainda critica políticas afirmativas que promovem a diversidade no ensino universitário.
A repressão se estende a diversos estudantes estrangeiros, que tiveram seus vistos revogados ou foram presos por participar das manifestações contra o conflito corrente em Gaza. Por que Trump trava 'batalha' contra Harvard e outras universidades de prestígio dos EUA Processo judicial A carta foi publicada um dia depois de a Universidade de Harvard processar o governo Trump, que ameaça ampliar os cortes a seu financiamento e impor uma supervisão política externa.
O presidente quer impor níveis sem precedentes de controle governamental sobre as admissões e práticas de contratação na universidade mais antiga e mais rica do país. Mas Harvard rejeitou as exigências do governo, o que levou o governo Trump a ordenar, na semana passada, o congelamento de 2,2 bilhões de dólares (R$ 12,6 bilhões) em verbas federais para a instituição.
Na ocasião, o porta-voz presidencial, Harrison Fields, disse que o presidente quer garantir que os dólares do contribuinte americano não apoiem a discriminação racial ou a violência motivada por raça. A Casa Branca agora avalia proibir a universidade de matricular estudantes estrangeiros e acusa seu corpo docente de "envenenar seu campus e suas salas de aula" com uma "ideologia antiamericana".
O Departamento de Segurança Interna dos EUA quer que a universidade entregue registros de "atividades ilegais e violentas" que tenham sido praticadas por estrangeiros em seu campus durante protestos pró-palestinos. Os alunos estrangeiros representaram 27,2% das matrículas de Harvard neste ano acadêmico, de acordo com seu site. Na ação judicial, Harvard defende que as tentativas do governo de "coagir e controlar" a universidade violam as proteções da Constituição para a liberdade de expressão.
Ela também acusou a Casa Branca de não seguir os procedimentos estabelecidos pelas leis federais de direitos civis.
A universidade pede que o congelamento dos fundos e as condições impostas aos subsídios federais sejam declarados ilegais. VÍDEOS DE EDUCAÇÃO