Tarifaço dos EUA é contestado na justiça e Trump anuncia novas taxas para o resto do mundo
O dólar fechou em queda 1,01% de nesta sexta-feira (1º), cotado a R$ 5,5445.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve recuo de 0,48%, aos 132.437 pontos.
A semana termina com os investidores avaliando os impactos do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de dados de emprego mais fracos do que o esperado. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça ▶️ Trump assinou ontem um decreto que impõe tarifas a diversos países, com alíquotas entre 10% e 41%.
As novas taxas entram em vigor a partir de 7 de agosto. A medida reacende dúvidas no mercado sobre os possíveis efeitos do tarifaço na inflação dos EUA e na economia global.
(saiba mais abaixo) ▶️ No caso do Brasil, o governo americano confirmou a tarifa de 50%, mas informou que mais de 700 itens ficarão de fora, incluindo suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e alguns tipos de metais e madeira. Alguns especialistas avaliam que a lista de exceções representa um recuo importante de Trump nas tarifas contra o Brasil, mas o mercado ainda aguarda com cautela qual será a resposta do governo brasileiro.
▶️ Também foram divulgados os novos dados de emprego dos EUA.
A taxa de desemprego subiu para 4,2% em julho, e o país criou apenas 73 mil novas vagas no mês — abaixo das expectativas dos analistas. Os números de meses anteriores também foram revisados para baixo: maio registrou 19 mil vagas e junho, apenas 14 mil — os piores resultados desde a pandemia de covid-19. "Foi um relatório de emprego mais fraco do que o mercado esperava.
As revisões negativas de 258 mil vagas e o aumento na taxa de desemprego recolocaram a possibilidade de um corte de juros em setembro na mesa", dizem Ian Lyngen e Vail Hartman, estrategistas do BMO Capital Markets, em nota. Embora um corte de juros seja positivo para o mercado, cresce o temor de uma forte desaceleração nas economias desenvolvidas.
Combinando o tarifaço e os dados fracos de emprego, as bolsas europeias registraram nesta sexta-feira a maior queda desde abril.
Em Nova York, os índices também recuaram diante do aumento no pessimismo. Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair 💲Dólar a Acumulado da semana: -0,30%; Acumulado do mês: -1,01%; Acumulado do ano: -10,28%. 📈Ibovespa Acumulado da semana: -0,81%; Acumulado do mês: -0,48%; Acumulado do ano: +10,10%. Tarifaço pelo mundo A ordem executiva assinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na última quinta-feira (31) marca um novo capítulo do tarifaço para o mundo. A medida amplia e modifica as tarifas recíprocas aplicadas a diversos países, com alíquotas que, agora, vão de 10% a 41%.
As novas taxas devem entrar em vigor a partir de 7 de agosto. Mesmo com a ampliação das tarifas para várias nações, o Brasil ainda é o mais tarifado por Trump, com uma alíquota de 50%.
Depois vem a Síria (41%), seguida por Laos e Mianmar (Birmânia), ambos com taxas de 40%. Já os menos afetados foram o Reino Unido e as Ilhas Malvinas — os únicos até agora com taxas de 10%. MAPA DO TARIFAÇO: veja países mais e menos afetados com novas taxas dos EUA Com a notícia, as bolsas europeias encerraram na maior queda diária desde abril.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em baixa de 1,89% e registrou o maior recuo em três meses.
Veja as principais cotações: Em Londres, o índice Financial Times recuou 0,70%, a 9.068,58 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 2,66%, a 23.425,97 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 2,91%, a 7.546,16 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 2,55%, a 39.942,82 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,88%, a 14.126,70 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 se desvalorizou 1,10%, a 7.626,71 pontos. E no Brasil? Para o Brasil, o presidente dos EUA havia assinado o decreto que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na última quarta-feira (30).
Inicialmente previstas para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), as taxas foram adiadas para 6 de agosto. Segundo a Casa Branca, a medida foi adotada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. O anúncio oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês e afirma que a ordem executiva foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas e os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país. Nesta sexta-feira (1º), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo federal não pretende adotar medidas com objetivo de retaliar os Estados Unidos em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. Segundo o ministro, os próximos passos serão com foco em ações de proteção para "atenuar os efeitos" sobre a indústria e o agronegócio. "Não houve desistência da decisão [de retaliar] porque essa decisão não foi tomada.
Nós nunca usamos esse verbo para caracterizar as ações que a economia brasileira vai tomar.
São ações de proteção da soberania, proteção da nossa indústria, do nosso agronegócio", disse Haddad a jornalistas. Agenda econômica Outro destaque da sessão fica com o Payroll, relatório de emprego norte-americano.
O documento é um dos principais indicadores do país e serve como um termômetro da economia nos EUA.
O relatório também tem grande peso nas decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) – a autarquia trabalha com metas de inflação e pleno emprego pra conduzir a taxa básica dos EUA. Segundo dados do Departamento do Trabalho, os EUA abriram 73 mil vagas de emprego fora do setor agrícola em julho.
O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado, de 110 mil novos postos, e indica uma deterioração nas condições do mercado de trabalho que coloca um corte de juros em setembro pelo Federal Reserve de volta à mesa. O presidente do Fed, Jerome Powell, tem sofrido diversas críticas de Trump pela demora em iniciar um ciclo de cortes de juros nos EUA.
Nesta semana, a instituição manteve as taxas inalteradas pela quinta reunião consecutiva, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Nesta sexta-feira (1º), o presidente norte-americano chegou a afirmar que a diretoria da instituição deveria assumir o controle, caso o banqueiro central continue se recusando a reduzir a taxa de juros. "Jerome 'Atrasado Demais' Powell, um IMBECIL teimoso, tem que reduzir substancialmente a taxa de juros.
AGORA, SE ELE CONTINUAR SE RECUSANDO, A DIRETORIA DEVE ASSUMIR O CONTROLE E FAZER O QUE TODOS SABEM QUE DEVE SER FEITO!", disse Trump em publicação no Truth Social. Ainda na agenda de indicadores, os gastos com construção nos Estados Unidos caíram 0,4% em junho, em meio a um declínio acentuado nos gastos com projetos de moradias unifamiliares devido às taxas de hipoteca mais altas e ao aumento dos estoques. Já o setor manufatureiro dos Estados Unidos contraiu pelo quinto mês consecutivo em julho.
Segundo o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM), o emprego nas fábricas caiu para o nível mais baixo em cinco anos, em meio às tarifas que aumentaram os preços das matérias-primas importadas. Notas de dólar. Luisa Gonzalez/ Reuters